quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Da imaginação à ilusão...

Imagem recolhida do site: http://www.olhares.pt/; direitos reservados ao autor.

Assim que me deparei com esta fotografia no meu computador a minha imaginação começou a trabalhar... Foi uma coisa de instantes, daquelas que não se explicam plas leis da razão... Quase como o "clic" de uma paixão!

Efectivamente a foto está bonita, invulgar, muito harmoniosa mas que poderia bem esconder uma história mais ou menos elaborada. Podia contar daquelas histórias que começam com o "era uma vez"... e desenrolar a história de um casal de garças e uma gaivota da Ria de Aveiro que, perdidos dos seus bandos, ficaram por ali para passar a noite e seguirem novos rumos ao amanhecer. Mas como não saberiam para que "lado" teriam ido os amigos ficariam eternamente gratos àquele diabrete do menino Zezinho que os ajudou a orientar através da sua bússola nova...

Podia ser assim uma versão! Tantas histórias que se contam aos pequeninos antes de dormir, ou melhor, que se contavam, que uma delas poderia mesmo ser esta ou uma idêntica! Tendo como moral da história a ajuda aos outros, a preservação e o respeito pelos animais e a eterna magia dos "animais que falavam" daria a cor necessária ao conto!

Se fosse uma pessoa bem disposta, alegre e em plena brincadeira poderia até sugerir que uma garça e a gaivota poderiam estar na hora do "recreio" saltando de pedrita em pedrita em plena animação! Mas se, por outro lado, fosse uma pessoa mais pessimista, que estivesse numa fase complicada da vida poderia ter outra leitura totalmente diferente... poderia sugerir temas como a solidão, o vazio, a tristeza ou então retirar harmonia, paz e serenidade.

Mas a minha imaginação não paráva e foi mais longe... Olhei mais uma vez para a foto e eis que outra ideia me surgia... Lembrei-me de tantos pescadores e marinheiros que desbravaram este Mar fora, uns em busca de novas terras, outros sabendo bem as rotas a seguir à procura do "pão nosso de cada dia". Se um deles olhasse para esta foto decerto iria recordar histórias, episódios ou simples momentos passados no Mar, com as gaivotas por companhia... Muitos andavam no mar durante longo tempo e entravam mesmo no desespero mas, ouvindo o característico som das gaivotas, saberiam que depressa chegariam a terra. Elas eram o sinal, eram " a boa nova", eram a notícia tão esperada de uma chegada ao porto seguro, ao afecto e amor da família...

O que uma simples, mas bela, fotografia pode fazer... Onde ela nos pode transportar e em quantas coisas pude pensar e reflectir. Muito curioso mas com o seu encanto!

Apenas quis partilhar este devaneio...


domingo, 25 de novembro de 2007

Ria de Aveiro - Biologia III

Sedimentos e Vida Aquática

O problema dos sedimentos na Ria de Aveiro prende-se essencialmente pela existência de contaminações de metais pesados, em determinadas zonas sujeita a descargas de fluentes. A concentração de Mercúrio na Ria é irregular, nuns locais é muito elevada e noutros quase inexistente. A média é de 0.72mg/Kg de mercúrio no sedimento seco. Além de Mercúrio pode encontrar-se ainda quantidades variáveis de Cádmio, Cobre e Zinco.
Realizaram-se várias experiências em seres aquáticos e chegou-se à conclusão que existem valores muito diversos de materiais pesados e organoclorados, como por exemplo Chumbo, Magnésio, Cobre, Ferro, Cádmio, Zinco, Níquel, PCB e DDT, nos referidos seres. O Chumbo e o PCB destacam-se por apresentarem valores superiores comparadamente com outros valores registados no resto do país.

Em resumo são factos de relevo da caracterização da qualidade da Ria de Aveiro os seguintes aspectos:

a)Poluição orgânica geral;

b)Poluição fecal;

c)Poluição química.

Estes posts sobre a parte da Biologia da nossa Ria de Aveiro foi instrumento de pesquisa vária, nomeadamente em: HENRIQUES, P. C. - Parques e Reservas Naturais de Portugal. Editorial Verbo, Lisboa 1994, entre outros folhetos diversos da área.
Foi aliciante esta pesquisa para me dar a conhecer outros aspectos da Ria e assim aqui poder partilhar algumas das informações.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Ria de Aveiro - Biologia II

Biótopos terrestres associados à laguna - Embora apresentem uma fauna característica, nomeadamente os biótopos florestais, parte dos seus habitantes utilizam também os biótopos lagunares típicos, durante a sua rotina diária.

Dunas Litorais
As dunas litorais suportam uma vegetação muito específica adaptada às condições agrestes da proximidade do mar, falta de água e pobreza dos solos. Apresentam importantes funções como barreira física de protecção das zonas interiores em relação aos ventos costeiros, são sistemas muito dinâmicos e, por isso, muito frágeis.

Dunas Arborizadas
As dunas arborizadas em particular a mata de São Jacinto apresentam uma diversificada comunidade de aves florestais, cujos grupos mais representativos são as aves de rapina diurnas e nocturnas e os passariformes.
Estas áreas, quando pouco perturbadas, podem tornar-se relevantes para diversas espécies aquáticas que utilizam as pequenas lagoas que existem no seu interior.

Bosque Ripícola e «Bocage»
O bosque ripícola e o «Bocage» são biótopos que apresentam uma elevada diversidade florística e entomológica. Esta elevada biodiversidade reflecte-se não só na avifauna, mas também nas comunidades de mamíferos que aqui apresentam um grande número de espécies. Entre os mamíferos, destacam-se os carnívoros (doninha, marta, fuinha, gineta e a lontra.)



Gaivotas nas Dunas



Flamingos na Ria

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Gestão da Ria de Aveiro numa encruzilhada

A Ria é uma imensidão de problemas e oportunidades bem caracterizados, ou não fosse o laboratório a que a Universidade de Aveiro recorre há 30 anos para matéria de estudo e teses de doutoramentos.


Quem e como gerir tantas e tão diversificadas actividades e interesses, nem sempre coincidentes, são perguntas que a extinção da Junta Autónoma do Porto de Aveiro (JAPA), em 1998, deixou, na prática, sem respostas, apesar da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) ter assumido a tutela administrativa.

O ministro do Ambiente, Nunes Correia, tem resistido às reivindicações dos municípios para criar uma nova estrutura de gestão. Quando muito, abriu a porta a delegar tarefas no âmbito das novas administrações hidrográficas em fase de instalação.

O empenho da tutela, nesta altura, para estar voltado para replicar o modelo dos programas Polis no litoral em acções de requalificação urbana, de conservação da natureza e de requalificação dos espaços naturais.

No caso da laguna, já preconizados em estudos da Associação dos Municípios da Ria, nomeadamente no Plano Intermunicipal de Ordenamento da Ria de Aveiro.
José Eduardo Matos, autarca de Estarreja, alinha no repto “se levar a acções práticas e calendarizadas” para executar “obras físicas” e, condição principal, “sejam dotadas de orçamento.”

Traço comum das povoações ribeirinhas, a Ria de Aveiro cunhou a identidade cultural das suas gentes que têm no barco moliceiro o símbolo maior.

Ao longo dos seus 47 quilómetros de extensão, de Ovar a Mira, entre canais e ilhas, passando pelo salgado, alberga paraísos de biodiversidade que sobreviveram a anos de agressões ambientais.

Salinização ameaça
Se a abertura da barra do Porto de Aveiro foi a ressurreição de uma morte que parecia quase certa há dois séculos, o impacto das amplitudes de marés é ainda hoje ameaça pelo avanço da salinização para campos férteis que diques inacabados não chegam para suster.

Constantino Simões, lavrador de 71 anos, que o diga. Criador de bovinos para carne nos campos de Cacia, olha em redor e constata “o crescente abandono de propriedades” afectadas pelos rombos de motas de defesa.

Compatibilizar a fragilidade do ecossistema com a indústria do turismo e alguns projectos de enorme polémica, como foi a Marina da Barra, ou o exercício de actividades piscícolas sem pôr em causa os débeis recursos são dos desafios de todos os dias à beira ria.

A pesca e a apanha de bivalves dão sustento à maior comunidade piscatória lagunar, na Torreira. Ainda assim, Fernando Silva, das Quintas do Norte, continua a ser obrigado a embarcar nas longas viagens para a faina do bacalhau.

“Isto é sempre muito fraco e como agravante o assoreamento dificulta-nos o trabalho”, diz, lamentando “a falta de sorte” dos pescadores locais por não existir naquela zona “pelo menos um cais em condições” para as bateiras.

In: www.noticiasdeaveiro.pt

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Ria de Aveiro - Biologia I

A dinâmica física, química e biológica na massa de água e nas suas interfaces (sedimentos, meios oceânicos, dulçaquicola e terrestre) condiciona todo o mundo lagunar/estuarino.
Devido a esta dinâmica constitui-se no seio da laguna e em seu redor uma peculiar diversidade de biótopos de grande importância do ponto de vista ecológico, albergando cada um deles diferentes comunidades de fauna e flora selvagens, e aos quais estão associados um conjunto de recursos naturais que desde há muito são explorados pelo Homem.
São assim de salientar os biótopos lagunares: coluna de água, leito e laguna, bancos interditais e salinas, sopais e caniçais e os biótopos terrestres associados à laguna: dunas litorais, dunas arborizadas e bosque ripícola e «bocage».


Coluna de Água

A água é o recurso natural mais abundante na Ria de Aveiro e condicionou de forma acentuada a actividade humana na laguna.
Na coluna de água habita um conjunto diversificado de seres: plantónicos (bactérias, algas e animais) e peixes.
Algumas das 64 espécies registadas na fauna piscícola, tais como a solha, o linguado, o robalo, a tainha e a enguia têm especial interesse comercial.

Leito da Laguna

O leito de uma laguna formada por areias e/ou sedimentos argilosos apresenta uma comunidade muito diversificada, constituída por bactérias, algas e plantas aquáticas (moliço) e organismos vivos sobre ou no interior do sedimento e servem de alimentaçao a muitos peixes predadores.

Bancos Interditais e Salinas

Os bancos interditais apresentam uma abundante fauna bentónica formada principalmente por moluscos (sobretudo bivalves), anelídeos, poliquetas e crustáceos.
As salinas representam um biótopo alternativo importante para as aves limícolas pois apresentam uma fauna bentónica semelhante e não estão sujeitas às variações da maré, mantendo uma reduzida altura de água.



Sopais e Caniçais

Os sopais e os caniçais são biótopos de elevada produtividade e têm importantes funções nas transferências energéticas dos estuários. Transferem quantidades importantes de matéria orgânica e energia, não só para as águas da laguna e, através dela, para a zona oceânica adjacente, como também para os agro-sistemas nas margens da ria.
Os sopais correspondem a formações vegetais especialmente adaptadas à salinidade das águas estuarinas e à submersão periódica durante a preia-mar.Os caniçais, com uma distribuição mais limitada às zonas periféricas da laguna para além de também proporcionarem alimento abundante nos vários níveis tróficos são particularmente importantes para as aves pois apresentam condições muito favoráveis de abrigo e nidificação de diversos aquáticos.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A origem...

In: Lobato, Cláudia;Geografia A 10ºAno;Parte 2; Areal editores; 2003; Porto


A laguna impropriamente denominada Ria de Aveiro está situada no litoral da Região Centro de Portugal.
A ria comunica com o mar por uma embocadura de reduzidas dimensões, que foi aberta e fixada artificialmente através do cordão dunar.
Estende-se por uma área de aproximadamente 50 000 ha, alongando-se por cerca de 50km de comprimento no sentido N-S, de Ovar a Mira, e tendo a largura máxima de 8 km em frente à foz do rio Vouga.
Os movimentos seculares quaternários do nível do mar e, em especial, os posteriores à glaciação estão na base do processo evolutivo na linha da costa, quando vastas áreas de fundos marinhos de translação litoral, como a «corredoura», que se faz sentir de Norte para Sul, a predominância de ventos do quadrante noroeste e consequente direcção de incidência da ondulação na costa.
Tudo começou há cerca de dez séculos, que o mar banhava os locais onde hoje se erguem povoações como Ovar, Estarreja, Aveiro, Mira e Tocha formando no litoral uma baía bastante aberta.
A acção dos ventos dominantes do Este, influenciando a direcção da crista das ondas, conjugada com as correntes de circulação litoral, o que deu origem a uma sedimentação costeira, com a formação de duas flechas ou restingas.
Houve tempos em que nem sequer existia ligação com o mar, o que prejudicava toda a região.
Assim a barra da laguna veio descendo em latitude ao longo dos últimos dez séculos até ser artificialmente estabilizada no início do séc. XIX no local onde hoje se encontra.Podemos dizer, com orgulho, que a Ria de Aveiro e Portugal se formaram ao mesmo tempo. Nasceram simultaneamente por altura do séc. XII e poderíamos dizer, fantasiando um pouco, que enquanto os nossos primeiros reis e os seus homens iam dilatando as terras peninsulares, a Mãe-Natureza ia conquistando ao mar esta jóia prodigiosa que generosamente viria ofertar às nossas terras aveirenses.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A nossa Ria

A Ria de Aveiro é o resultado do recuo do mar, com a formação de cordões litorais, que a partir do séc. XVI, formaram uma laguna que constitui um dos mais importantes e belos acidentes hidrográficos da costa portuguesa.

Abarca 11000ha, dos quais 6000 estão permanentemente alagados, sendo composta por quatro grandes canais, ramificados em esteiros, que circundam um sem número de ilhas e ilhotas. Nela desaguam o Vouga, o Antuã e o Boco, tendo como única comunicação com mar um canal que corta o cordão litoral entre a Barra e s. Jacinto; é por esta passagem que acendem ao Porto de Aveiro embarcações de grande calado. Rica em peixes e aves aquáticas, possui grandes planos de água, locais de eleição para a prática de desportos náuticos.

Muito especialmente no Norte da Ria, os barcos moliceiros, ostentando coloridos e ingénuos painéis decorativos, continuam a apanhar moliço, fertilizante de eleição, hoje ecologicamente revalorizado, que transforma solos estéreis de areia em ubérrimos terrenos agrícolas.

domingo, 11 de novembro de 2007

Belezas escondidas

Batalhando contra o quotidiano e fugindo da correria do mundo escondo-me no silêncio das paisagens e na energia das águas... Sou de Aveiro!
Falar de Aveiro é falar da cidade da água... É falar de Ria de Aveiro.
Hoje deixo-vos alguns detalhes de belezas ímpares! (Canal de São Roque)
De cima do canal...


Compartimentos



Lá longe... o branco




A simplicidade do reflexo

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Dia Nacional do Mar

O Museu Marítimo de Ílhavo divulgou hoje o seu programa de comemorações do Dia Nacional do Mar. Será nos dias 16 e 17 de Novembro.

domingo, 4 de novembro de 2007

O maior navio...

Athena - 160 metros.

O maior navio que entrou na Barra de Aveiro até ao dia de hoje.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Um símbolo, uma história...

Três triângulos. Uma parte de baixo de uma âncora. De facto, o logotipo do Porto de Aveiro passa-nos despercebido quase sempre. Mesmo que muitas vezes nos "apareça à frente" e nos "entre pelos olhos" não pensamos no que vemos.

Hoje, dei comigo a pensar porque razão escolheram este símbolo. Os triângulos porque lembram os montes de sal, de Aveiro, e de areia que se encontram no porto. Mas, também pode ter sido escolhido o triângulo por se associar ao equílibrio. Os homens da Terra deveriam virar-se para Deus, o triângulo mais que perfeito.


A âncora é o instrumento náutico que prende a embarcação e a faz ficar parada em determinada lugar, sem ser levada pela corrente.


A meu ver um porto é isto tudo. Pretende ser o equilíbrio para aqueles que lá trabalham e para os que chegam ser o porto de abrigo que acolhe e dá um tecto; pretende ser ainda a âncora que prende e sustenta, transmitindo segurança.


Este foi um devaneio meu. Uma especulação. Uma simples reflexão minha acerca do logotipo.
"Valeu a pena? Tudo vale a pena quando a alma não é pequena...", já dizia Fernando Pessoa.


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