terça-feira, 20 de novembro de 2007

Gestão da Ria de Aveiro numa encruzilhada

A Ria é uma imensidão de problemas e oportunidades bem caracterizados, ou não fosse o laboratório a que a Universidade de Aveiro recorre há 30 anos para matéria de estudo e teses de doutoramentos.


Quem e como gerir tantas e tão diversificadas actividades e interesses, nem sempre coincidentes, são perguntas que a extinção da Junta Autónoma do Porto de Aveiro (JAPA), em 1998, deixou, na prática, sem respostas, apesar da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) ter assumido a tutela administrativa.

O ministro do Ambiente, Nunes Correia, tem resistido às reivindicações dos municípios para criar uma nova estrutura de gestão. Quando muito, abriu a porta a delegar tarefas no âmbito das novas administrações hidrográficas em fase de instalação.

O empenho da tutela, nesta altura, para estar voltado para replicar o modelo dos programas Polis no litoral em acções de requalificação urbana, de conservação da natureza e de requalificação dos espaços naturais.

No caso da laguna, já preconizados em estudos da Associação dos Municípios da Ria, nomeadamente no Plano Intermunicipal de Ordenamento da Ria de Aveiro.
José Eduardo Matos, autarca de Estarreja, alinha no repto “se levar a acções práticas e calendarizadas” para executar “obras físicas” e, condição principal, “sejam dotadas de orçamento.”

Traço comum das povoações ribeirinhas, a Ria de Aveiro cunhou a identidade cultural das suas gentes que têm no barco moliceiro o símbolo maior.

Ao longo dos seus 47 quilómetros de extensão, de Ovar a Mira, entre canais e ilhas, passando pelo salgado, alberga paraísos de biodiversidade que sobreviveram a anos de agressões ambientais.

Salinização ameaça
Se a abertura da barra do Porto de Aveiro foi a ressurreição de uma morte que parecia quase certa há dois séculos, o impacto das amplitudes de marés é ainda hoje ameaça pelo avanço da salinização para campos férteis que diques inacabados não chegam para suster.

Constantino Simões, lavrador de 71 anos, que o diga. Criador de bovinos para carne nos campos de Cacia, olha em redor e constata “o crescente abandono de propriedades” afectadas pelos rombos de motas de defesa.

Compatibilizar a fragilidade do ecossistema com a indústria do turismo e alguns projectos de enorme polémica, como foi a Marina da Barra, ou o exercício de actividades piscícolas sem pôr em causa os débeis recursos são dos desafios de todos os dias à beira ria.

A pesca e a apanha de bivalves dão sustento à maior comunidade piscatória lagunar, na Torreira. Ainda assim, Fernando Silva, das Quintas do Norte, continua a ser obrigado a embarcar nas longas viagens para a faina do bacalhau.

“Isto é sempre muito fraco e como agravante o assoreamento dificulta-nos o trabalho”, diz, lamentando “a falta de sorte” dos pescadores locais por não existir naquela zona “pelo menos um cais em condições” para as bateiras.

In: www.noticiasdeaveiro.pt

1 comentário:

Martinha disse...

É uma notícia interessante. ^^
Beijinho *


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